(11 de Novembro de 2015)
Hoje de manhã
abri o Facebook e só me apetecia ver clipes sobre Portugal: Raul Solnado; as
ondas gigantes da Nazaré; uma portuguesa distinguida com prémios por avanços
tecnológicos ligados à Medicina; como as linhas de Torres Vedras resistiram às
tropas de Napoleão... etc.
Mas por quê toda
esta atração por um Portugal mais digno? Será que ainda vou poder fazer alguma
coisa boa por Portugal? Há muitos anos atrás eu tinha a sensação de que um dia
eu voltaria para "salvar Lisboa"? (Não quero ser presunçoso mas
sentia algo positivo nesse aspeto).
Ou será que é
nostalgia, de aonde? Não me vou preocupar com isso mas é um facto real.
Gostaria de ver Portugal de cabeça erguida. Talvez seja um povo que se achou
inferior ou mais humilde nesse caso os vales serão preenchidos e as montanhas
serão niveladas.
Eu gosto do povo português, gostaria de ver o povo de cabeça erguida mas não posso fazer nada se Deus não o
fizer por mim. É tão simples como isso. No entanto constato o facto de que ainda
sou atraído por esse desejo.
Já Angola, que foi onde nasci e fui criado, tenho
raiva àqueles palermas que não dão uma prà caixa. Agora estão transformando a
luta do Luaty Beirão numa luta política. A queda do presidente vigente... como se isso fosse resolver os problemas dos
pobres e ignorados por todos os governos. Não me pareceu que o Luaty tinha
tanto a intenção de derrubar o governo, não é essa a luta dele, mas sim um
desejo de ver os pobres alimentados, cuidados, ver saneamento público, serviço
médico, segurança e uma vida digna de ser vivida. Essa luta pela democracia e
pela liberdade causa também um aumento do mal: aumenta o crime, aumenta a
insegurança e algumas pessoas ficam com mais liberdade para oprimir os
restantes, há corrupção mais descarada.
Aqueles
angolanos não perceberam que é bom ter um país onde não há crime e que o povo,
os pobres e ignorados, recebam a atenção que precisam. A riqueza de um país é o
povo, não o petróleo. Se investirem no povo investem na verdadeira riqueza que
a longo prazo transforma um país. Quem me dera que as pessoas vissem isso.
Querer derrubar
um governo é uma distração da verdadeira luta. Lutar para melhorar a dignidade
e as condições de vida do povo desprezado é a verdadeira luta a empreender.
Lutar para derrubar um governo causa mais ódios e violência e sofrimento
desnecessário e os pobres são sempre os que perdem.
Um governo
diferente não resolve nada, um povo diferente sim. Quando é que as pessoas
aprendem que ao focarem no povo, nas necessidades de saneamento, limpeza, boa
educação, cuidados médicos, etc. as coisas mudam para aquilo que gostamos de
ver em qualquer país.
Vemos exemplos
de prosperidade, educação e respeito pelos outros em certos países e todos se
levantam e dizem, "estão a ver é isso que gostaríamos que acontecesse
aqui, mas não acontece por causa deste governo que temos." Que tolice não
foi o governo desses países que causou essa prosperidade, foram anos de
interesse pela dignidade humana da parte de todos que mudaram o país para o que
é agora.
Deveríamos ver
mais vídeos da realidade da vida dos pobres no interior de Angola, nas grandes
cidades, nos hospitais, nas escolas, nas casas e nas famílias. Só assim poderá
haver uma viragem de interesses e de metas que irá a longo prazo mudar o país e
torná-lo no lugar que todos gostaríamos que fosse.
Pronto essa é a
minha luta por Angola e eu desprezo aquele orgulho de ostentação e de fachada
de grandes prédios, lindos jardins à beira-mar, mansões na praia, etc, Isso é
lindo, mas não à custa de uma pobreza e sofrimento abjetos na vida da maior
parte. Deixa primeiro cuidar do interior e logo o exterior se renova também.
PS: (Mais
tarde:) Eu nem tinha reparado que quando escrevi isto, dia 11 de Novembro, celebrava-se
o dia da independência de Angola, e não só isso, mas era o 40º ano da
independência de Angola o que representa uma data muito especial – 40 anos é um
número muito importante.